quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Marcas da Colonização.

Marcas da Colonização.

A maior parte dos problemas que a África enfrenta tem suas raízes nas centenas de anos de colonização e na forma como novo país conquistou sua independência, nos anos de 1950 e 1960.
Grã—Bretanha, França e, em menor escala, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e Alemanha se apossaram dos territórios africanos entre o século XVI e o início do século XX. Após a Segunda Guerra Mundial, com franceses e britânicos – os dois grandes “patrões” da África – transformados em potências de segundo time, a independência africana passou a ser incentivada pelos dois novos comandantes, os Estados Unidos e a ex-União Soviética.
Deixando de lado algumas exceções, surgiram então dois tipos de governo: os nacionalistas, produto de lutas (às vezes armadas) contra os antigos colonizadores, e os ocidentalistas, nos quais os novos governos conservaram sólidos laços com as antigas metrópoles coloniais. Nacionalistas como Zâmbia e Tanzânia receberam o reforço das antigas colônias portuguesas, que aderiram ao socialismo pró-soviético após a independência, de 1974 a 1975. Nos dois tipos de novos países, predominaram os regimes de partido único, diante da ausência de tradições democráticas no continente.
No plano da economia, os regimes africanos optaram por caminhos diferentes. Os nacionalistas defendiam o predomínio econômico do Estado, com as consequentes restrições às empresas multinacionais e ao (pequeno) capital nacional. Os governos nacionalistas em geral tinham o apoio – econômico e político – da União Soviética, que lhes fornecia máquinas, petróleo ou armas a preços baixos. O outro time, o dos ocidentalistas, vestiu a camisa da continuidade do relacionamento (e da dependência econômica) com o Primeiro Mundo.
Volte lá ao mapa da África... Já voltou? Então note que as fronteiras de alguns países são retinhas, como se tivessem sido traçadas com réguas, em um escritório com ar condicionado. E foram mesmo. Os processos de independência na África conduziram a complicadas negociações entre os antigos colonizadores e os novos governos, que por vezes tinham que aceitar barganhas envolvendo seus territórios. Em outros cantos, grupos locais promoviam a independência de uma região em aliança com uma ou outra potência, “serrando” o território de um país. Dessa forma, tribos e mesmo famílias terminaram divididas por linhas imaginárias. Uma divisão que, aliás, não é nova. Desde o século XVI as potências colonialistas botavam em práticas o ditado latino “divide e vencerás”, jogando uma tribo contra outra para melhor exercer seu domínio. Isso deixou marcas e rancores profundos nas sociedades africanas, até hoje, na forma de frequentes guerras sangrentas.